sábado, 11 de outubro de 2008

“Pessoas são consideradas despesas. Dá para crer?”

Transcrevo abaixo a entrevista dada pelo escritor norte-americano Stephen Covey ao jornal Zero Hora de hoje. Na entrevista, Covey não titubeou em apontar a postura gananciosa dos macro-empresários como a grande causa da atual crise econômica. Confira na íntegra o que pensa o escritor, tido como uma das 25 pessoas mais influentes dos EUA segundo a revista Times:
Entrevista: Stephen Covey, escritor e palestrante

Em seus livros, o escritor americano Stephen Covey, uma das 25 pessoas mais influentes dos EUA segundo a revista Time, insiste para que empresas e profissionais esqueçam o antigo modo de fazer negócios, baseado na relação entre quem manda e quem obedece. Covey sugere a transição para a Era da Informação, onde funcionários e chefes buscam cooperar em cima de princípios morais que privilegiam relações com clientes e que busquem valores como bondade e justiça.

As palavras de Covey ganham sentido no mundo abalado por atitudes suspeitas de executivos que teriam arriscado demais em busca de lucro globalizado. O autor, que conversou com ZH por telefone na manhã de ontem desde Salt Lake City (EUA), chega a Porto Alegre no dia 13 de novembro para palestra promovida pela seção regional da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

Confira trechos da entrevista:

Zero Hora – Dizem que as melhores oportunidades surgem nas crises. O senhor concorda?

Stephen Covey – Crises geram humildade, que cria abertura e desejo de mudança. Esta é uma crise de confiança causada por sistemas desalinhados que recompensaram pessoas por coisas estúpidas. Reconstruir confiança é uma aventura altamente positiva porque você pode se redimir, aprendendo seu papel na relação, pedindo desculpas e tendo humildade. As pessoas focam em grandezas secundárias, como ficar ricas, em vez de grandezas primárias, como caráter e contribuição à sociedade. Por isso, a confiança foi perdida e colhemos estes frutos.

ZH – Algumas pessoas avaliam que esta crise é fruto da ganância. Os empresários americanos são gananciosos?

Covey – Quase todos agem por interesse próprio. A chave dos negócios é cuidar dos clientes. Eles (empresários) vêm da Era Industrial, onde pessoas são consideradas “despesas”. Dá para acreditar? Como esse pensamento é estúpido.

ZH – Os executivos que estavam no comando dos grandes bancos que tiveram problemas, muitos de carreiras brilhantes e salários elevados, são altamente eficientes?

Covey – Não, porque eles foram gananciosos e egoístas. E muitos deles ganharam grandes bônus. É nojento. O país demorou para agir.

ZH – Que tipos de pessoas vão sobreviver nesta nova economia?

Covey – Pessoas que saíram da Era Industrial, onde o gerenciamento era de cima para baixo, e migraram para a Era do Conhecimento. Veja como a Toyota dá as cartas na indústria automobilística. Veja como a Southwest Airlines vale mais que todas as outras companhias aéreas. É por causa da cultura. Eles sabem como liderar as pessoas em torno dos mesmos objetivos, alinhar os sistemas e incentivar talentos.

Covey em números:
- Mais de 20 milhões de livros vendidos em 38 idiomas.
- Seu livro Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficientes foi considerado o mais influente de finanças do século XX.
- Quatro de seus livros venderam acima de 1 milhão de cópias cada.
- O último, O 8º Hábito da Eficácia à Grandeza, já vendeu 400 mil cópias.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Uma Grande Depressão até que não seria ruim...


Hoje, no IPA, eu e alguns colegas do meu grupo de trabalho fomos ao encontro de um professor de economia para entrevista-lo. Nos dirigimos até o prédio onde ele estava dando a sua aula com o objetivo de saber do professor sobre quais índices econômicos as universidades se baseavam para acrescentar o tão famoso reajuste nas mensalidades dos alunos. No entanto, a expectativa que tínhamos nessa direção foi frustrada, uma vez que o mesmo alegou desconhecimento do assunto.

Porém, quando chegamos ao local para gravar a entrevista, a sala de aula estava praticamente vazia, restando nela apenas o professor e um único aluno. Chegamos de fininho, sem estardalhaços, e nos pusemos a ouvir as explicações que o professor (desculpem, mas eu não lembro o nome dele, hehe!) dava ao estudante sobre a crise na economia norte americana que está abalando o mundo inteiro.

Foi nesse ínterim (onde chegamos a sala e a conversa que o professor estava tendo com o seu aluno) que aproveitei para me inteirar sobre a crise, pois confesso que conhecimentos econômicos não são o meu forte. Então aguardei por uma pausa no monólogo para questionar o professor sobre quanto tempo ele achava que esta crise ainda iria durar, ao que ele, de maneira estranhamente otimista, respondeu que não iria perdurar por muito tempo.

Mas eu não me convenci! Não satisfeito continuei a questioná-lo e ele sempre tomando cuidado com suas respostas, no mínimo é um desses adeptos do politicamente correto. Mas como eu fui insistente, ele não se agüentou mais e disparou: “Meu conselho é que se alguém tiver dinheiro em banco que retire agora e o guarde debaixo do colchão, pois não tardará para crise chegar até aqui”.

Quando enfim resolveu abrir o bico, o homem apavorou a todos ao considerar a hipótese de uma nova Grande Depressão, como a de 1929, que como sabemos acabou sendo o estopim da Segunda Guerra Mundial. Céééuus, preteou os olhos da gateada!

Se realmente as previsões deste professor se confirmarem, haverá uma grande quebradeira, acompanhada de um aumento abusivo nos preços dos alimentos e de um número incomensurável de homens e mulheres desempregados. Mas como eu sou louco e sempre sonhei com uma revolução ideológica, onde os indivíduos agissem como homo sapiens e não como macacos, esse cenário me agrada e muito!

Por quê? Simplesmente porque, como eu já disse antes, a grande maioria das pessoas é egoísta e só toma alguma providência quando o seu rico bolsinho é atingido. Quem sabe com a ocorrência de uma nova Grande Depressão nossa geração não acorde para a necessidade imprescindível de se preocupar e debater problemas sociais, de encarar a sua existência como algo além de responsabilidades e cuidados exclusivamente pessoais.

Há muito tempo o mundo está convocando o homem para o exercício de sua cidadania, para a promoção de um amplo debate de idéias, mas este sempre dá de ombros. Claro, para que deixar de lado a comodidade do seu lar, seu sofá macio, o afago do seu cão, as brincadeiras com seu filho no tapete da sala, se esses problemas sociais não seus, não é mesmo?

A natureza já deu vários recados, nem mesmo a ameaça da falta de água no planeta foi suficiente para mobilizar o ser humano. Mas o dinheiro, ahhhh, o dinheiro consegue, disso eu não tenho a menor dúvida! Bufunfa, money, bem-me-quer, faz-me-rir, din-din, este detém o poder universal.

Quanto maior for o número de empresários que tiverem suas fortunas arruinadas e, maior for o número de trabalhadores sem emprego, maior será a reflexão interna e externa, a auto-avaliação de seus deveres cívicos, o debate de idéias. Quanto mais profundo for o buraco, maior será a mudança. É isso o que eu penso, é nisso que eu acredito!

Que venha a depressão e que o homem aprenda a agir e pensar como ser dotado de inteligência que é, e não como robôs criados e dominados pelo capital. Muitas coisas erradas precisam ser discutidas, mas para isso faz-se necessária a sua participação.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Anomalias e alienações sociais

Assusta-me ver que notícias relacionadas a assalto, furto ou roubo estão gradativamente tornando-se informações corriqueiras para o cidadão de bem. Mais pasmo fico quando agregado à notícia de um assalto está a informação de que uma vida humana foi ceifada pelo instinto selvagem de um drogado, cego pela conquista do objeto que lhe propiciará mais uma “cheirada”. Mesmo estas parecem não produzir mais nenhum efeito, sendo processadas pelo leitor, ouvinte, internauta ou telespectador como acontecimentos naturais.

Assaltos, furtos, roubos – seguidos de morte ou não – são anomalias que devem ser combatidas e desentranhadas da sociedade tal qual fazemos com a gripe. Quando estamos gripados, corremos à farmácia mais próxima. Fazemos isso porque o nosso organismo nos envia, através de sinais físicos, um recado de que algo está afetando o seu funcionamento. Fazemos isso porque a gripe é um vírus, uma anomalia orgânica, então a combatemos com analgésicos para extirpá-la de nossa matéria.

Usualmente agimos com a mesma determinação no combate a uma anomalia quando nosso automóvel começa a dar solavancos, sinalizando-nos de que os caninhos que bombeiam combustível do tanque para o carburador estão sujos, por exemplo. Imediatamente então empreendemos nosso tempo e investimos nosso dinheiro para fazer o mesmo regressar ao seu estado normal.

Mas se sabemos identificar tão bem quando algo ou alguma coisa está fora de seu estado normal, por que então insistimos em ignorar as anomalias sociais? Para este blogueiro, a resposta é bem simples: egoísmo. Estamos tão preocupados com o nosso progresso, com o futuro, com a nossa saúde, com o nosso emprego, com a nossa segurança, com o nosso conforto, com as nossas contas, com as nossas angústias, COM O QUE OS OUTROS ESTÃO FALANDO DE NÓS, que não nos sobra a menor disposição para refletir sobre questões coletivas.

Mas a culpa não é 100% nossa, pois valores sociais nunca nos foram ensinados na escola. Quanto a nossos pais? Coitados, ninguém pode dar aquilo que não tem. São tão vítimas desta cultura individualista implantada por capitalistas vorazes quanto nós.

O desejo dos poderosos, caro leitor, é que nós continuemos ignorando a dor e o sofrimento alheios, que continuemos a pensar somente no ‘EU’ e no ‘TENHO’ e nunca no ‘NÓS’ e no ‘SOU’. Pois assim eles – que vivem numa realidade muito distante da nossa – continuarão seguros, abastados e saudáveis no pico de suas mansões repletas de cães ferozes e de robozinhos de humanos robustos para a sua defesa. Enquanto nós, que achamos estarmos fazendo grande coisa cuidando de nossos próprios narizes, estaremos pouco a pouco sendo dizimados pela borra social produzida pelo nosso próprio egoísmo e apego demasiado ao dinheiro.

Não estou sugerindo que acabemos com os ricos, que os extirpemos da sociedade, não! Jamais proporia a morte de alguém. Apenas estou propondo que reflitamos sobre soluções para causas coletivas, como o caos da segurança pública, a precariedade do Sistema Único de Saúde, as agressões contra o meio-ambiente, o tráfico, a corrupção, os mendigos. O fato de termos sido instruídos para a alienação social, para baixarmos a cabeça perante toda sorte de atrocidades e injustiças, não significa que tenhamos de morrer alienados. Nós podemos evoluir, nós podemos MUDAR O MUNDO! Se na Idade da Pedra os nossos ancestrais conseguiram, evoluindo da condição de Australopithecus para a condição de Homo Sapiens, por que nós – com muito maiores recursos – não haveríamos de evoluir?

Enquanto você está preocupado com coisas banais de sua vida pessoal há pessoas passando fome, carecendo urgentemente de cuidados médicos, gente sendo assaltada e assassinada (pessoas estas, aliás, que você mal passará os olhos para ver o nome, no jornal de amanhã). Se você está se sentindo mal, acorde para a vida, meeeennnnnnn!!!!! Demorou...

Não seja um alienado, exerça sua cidadania. NÓS precisamos de você!