segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O ônus do conhecimento



Ah, que saudade que tenho do Arthur que eu era antes de ingressar na faculdade. Mais limitado intelectualmente, mas em contrapartida mais dedicado a família e ao desenvolvimento do espírito. Não havia horizonte profissional para vislumbrar, mas havia pureza, fé em Deus e muita confiança de que tudo iria dar certo no final. Eu visitava minha irmã com frequência e a presença da cerveja era algo que poderia complementar um encontro com os amigos, mas nunca foi uma uma condição sine qua non, velada, para nos reunirmos. Eu dirigia o carro para minha mãe, cortava a grama e capinava o pátio. Enfim, eu era um bom irmão, um bom filho e, por dois anos, fui sim um pai exemplar!

Durante as eleições eu empunhava a bandeira de meus candidatos com orgulho e confiava nos ideiais de meu partido. Aliás, eu confiava nas pessoas, assim como acreditava que ninguém poderia ser contra um salário mínimo digno e ao estabelecimento de um mínimo de igualdade social. Eu chorava quando meu time perdia e sofria com as frequentes flautas dos “alegrinhos”, que não paravam de levantar taças e mais taças.

Eu era ouvinte assíduo do Sala de Redação e sonhava com o dia em que me tornaria integrante daquele programa que achava tão legal. Eles debatiam sobre a dupla Gre-Nal e também sobre assuntos que estivessem dominando o noticiário no momento, como o temporal que devastou a região serrana do Rio de Janeiro. Tudo isso mesclado com brincadeiras, brigas de irmão e muitas gargalhadas. O Sala era o emprego dos meus sonhos e influenciou muito em minha decisão de cursar jornalismo. Também era fã de carteirinha das colunas do Sant’Anna e lembro que as lia com o dicionário em mãos, sempre a procura de novas palavras para acrescentar ao meu vocabulário. Eu o achava genial e ambicionava ser tão bom quanto ele.

Outro dia eu continuo...

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