terça-feira, 29 de julho de 2008

Os Três Conselhos


Conta-se que um casal de jovens era muito pobre, que passavam por inúmeras e incontáveis dificuldades e viviam de favores em um sítio no interior.

Um dia o marido, cansado daquela vida miserável, voltou-se para a esposa com a seguinte proposta:

"Meu amor, eu vou sair de casa, viajarei para bem longe. Vou arrumar um emprego e trabalhar até ter condições de voltar e lhe proporcionar uma vida mais digna e confortável, aquela que sinto em meu coração que você merece. Não sei quanto tempo ficarei ausente, mas lhe peço que me espere e que a mim sejas fiel, pois tenhas a certeza de que eu serei sempre fiel a você".

Assim, o jovem saiu de casa. Pela dificuldade não só do local, mas também pelas condições financeiras, teve de caminhar muitos e muitos dias a pé. Durante sua peregrinação, parava em todas as terras produtivas para oferecer os seus serviços. Até que um dia, depois de muito caminhar e de muitas noites ao relento, encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo nos diversos trabalhos diários de sua fazenda. O jovem então repetiu o procedimento que adotara desde o prelúdio de sua viagem: foi até o fazendeiro, apresentou-se e ofereceu-se para trabalhar. E desta vez ele foi aceito. Questionou o patrão então se podia propor um pacto entre os dois, o que este de pronto concordou.

O pacto seria o seguinte:

"Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Não quero receber meu salário enquanto aqui estiver trabalhando. Peço que o senhor o guarde ou que o coloque em uma caderneta de poupança até que chegue o dia de eu ir embora. No dia que eu sair o senhor me entrega o dinheiro que ganhei e, eu seguirei o meu caminho".

Naquele mesmo instante o patrão concordou com o pedido daquele jovem. Tudo combinado, aquele jovem trabalhou muito, sem férias e sem descanso. Vinte anos se passaram, então tomou a decisão de voltar para a sua casa. Foi até seu patrão e lhe disse:

"Patrão, quero meu dinheiro, pois estou voltando para minha casa e esposa".

O patrão então lhe disse:

"Tudo bem, nós fizemos um pacto e eu vou cumprir. Só que antes gostaria de lhe oferecer uma outra proposta".

Curioso, ele pergunta que proposta seria. Ao que o patrão lhe respondeu:

"Lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora, ou lhe dou três conselhos e, não lhe dou o dinheiro, e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro não lhe dou os conselhos e, se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense, e depois me diga o que decidiu".

O rapaz então foi para os seus aposentos e lá permaneceu por dois dias pensando. Depois procurou o patrão para lhe falar de sua decisão.

"Eu quero os conselhos".

"Se eu lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro", voltou a frisar o patrão.

"Quero os conselhos", disse, de maneira decidida.

O patrão então lhe deu os três conselhos:

"Nunca tome atalhos. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida";

"Nunca seja curioso para aquilo que é mal, porque a curiosidade para o mal pode ser mortal";

"Nunca tome decisões em momentos de ódio e dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais".

Após dar os três conselhos, o patrão deu ao rapaz - que já não era mais tão jovem assim - um saco com três pães dentro:

"Aqui dentro há três pães. Dois são para você comer durante a viagem e, o terceiro é para você comer com a sua esposa quando chegar no seu lar".

O rapaz então tomou o saco em suas mãos, se despediu do patrão, e tomou o caminho de volta para a sua casa, depois de 20 anos distante da mulher que tanto amava. Andou durante o primeiro dia e encontrou outro viajante que o cumprimentou e perguntou:

"Para onde está indo?"

"Vou para um lugar muito distante, que fica a mais de 20 dias de caminhada por esta estrada".

"Rapaz, esse caminho é muito longo. Conheço um atalho que é dez vezes menor, pelo qual poderás chegar no seu destino na metade do tempo."

O rapaz ficou contente e aceitou a sugestão do viajante. Estava seguindo pelo atalho quando a lembrança do primeiro conselho de seu patrão lhe veio à memória. Então decidiu voltar e tomar a estrada que estava anteriormente.

Dias depois, soube que aquele caminho levava a uma emboscada!

Passados mais alguns dias de viagem, encontrou uma pensão na beira da estrada onde pode hospedar-se para descansar um pouco. Pela madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor e muito barulho. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para sair...Quando lembrou do segundo conselho e decidiu então voltar para o leito e continuar a dormir.

Ao amanhecer, após tomar café, o proprietário da hospedagem questionou se ele não havia ouvido um grito à noite, e ele respondeu que sim.

"Então por que não foi ver o que era? Não ficaste curioso?", indagou o dono estalagem ao rapaz que de imediato disse que "não".

"Você é o único que sai vivo daqui. Um louco grita durante à noite e quando os hóspedes deixam suas acomodações para ver o que é, ele os mata."

O rapaz então se despediu do homem e novamente tomou o seu caminho. Passados mais alguns dias e noites de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça da sua casinha. Se aproximou mais um pouco e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua mulher. O dia estava escurecendo, mas ele pode ver que sua esposa não estava só. Aproximou-se ainda e mais e viu que ela tinha entre as pernas um homem a quem estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e então decidiu correr até os dois e matá-los sem dó nem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando se lembrou do terceiro e último conselho. Então parou, refletiu, e decidiu passar aquela noite ali mesmo do lado de fora da casa para só no dia seguinte tomar uma decisão.

Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele decidiu e consigo mesmo pensou: - "Não vou matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes vou dizer a minha esposa que me mantive fiel a ela, como havia prometido". Dirigiu-se então à porta e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Com lágrimas nos olhos então ele disse: "Eu fui fiel e você me traiu!"

Ela espantada responde: "Como? Eu nunca te traí, o esperei por todos esses anos."

Ele então lhe indagou: "E quanto aquele homem que você estava acariciando, ontem, ao entardecer?"

Ao que ela respondeu: "Aquele homem é nosso filho. Logo que tu foste embora descobri que estava grávida. Hoje ele está com 20 anos de idade."

Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e, emocionado, contou-lhes toda a sua história. Tudo pelo que havia passado durante todo aquele tempo enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomá-lo e, juntos, comer o último pão que o patrão o havia dado. Após a oração de agradecimento a Deus, com lágrimas de emoção ele parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pagamento por seus 20 anos de dedicação.


Muitas vezes achamos que o atalho nos poupa tempo e até mesmo algumas etapas na vida e nos faz chegar mais rápido ao nosso destino, o que nem sempre é verdade.
Sempre que quisermos andar por caminhos mais curtos e mais fáceis em nossas vidas, teremos grandes prejuízos. Normalmente quanto queremos encurtar nossos caminhos passamos por muitas dores e tribulações.

E quase sempre somos curiosos, queremos saber de coisas que nem ao menos nos dizem respeito e arrumamos confusão. Devemos ter em mente que a curiosidade nada de bom nos acrescentará... a não ser problemas para nossas vidas!

Outras vezes, agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente nos arrependemos depois... Mas, se seguirmos o que diz a Palavra de Deus, podemos até nos irar, mas não iremos cometer pecados."Irai-vos, e não pequeis". (Efésios 4:26).

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