domingo, 21 de março de 2010

Sonho do bi passa por Fossatti

O time do Inter não é nenhuma maravilha, mas pode sim mostrar muito mais do que vem apresentando. Entre os titulares, há um goleiro bom e experiente, um lateral-esquerdo de seleção, dois volantes de inegável qualidade técnica, dois meias inteligentes e habilidosos e um centroavante que, embora não simbolize o sonho americano do povo vermelho, é bastante útil ao time. Se algum destes estudiosos de futebol se dispuser a contar quantos times da atual Libertadores reúnem sete jogadores desta estirpe, tenho a convicção de que não conseguirá encher a palma da própria mão. Logo, se o time não está tendo atuações condizentes com a sua qualidade técnica, a culpa só pode ser de uma pessoa: do treinador.

Jorge Fossatti chegou ao Inter com um grande cartaz. Foi ele quem deu a LDU os títulos inéditos da Recopa e da Sul-Americana, ambas conquistadas no ano passado sobre o próprio Inter e o Fluminense, respectivamente. Porém, o uruguaio parece ainda não ter assimilado que treina um clube cuja torcida é muito maior, mais fanática e muito mais exigente. Isto sem contar que o Inter é um dos grandes clubes do Brasil, único país pentacampeão do Mundo de futebol. Ou seja, existe um abismo colossal entre treinar um grande do Equador, que não tem nenhuma tradição no contexto mundial, e um grande do Brasil. Esta é uma verdade tão universal que qualquer um tem consciência dela, por menor que seja seu conhecimento sobre o mundo da bola. Mas a ficha de Fossatti, estranhamente, está demorando demais a cair. O que vem deixando em pé os cabelos da metade vermelha do Rio Grande do Sul.

Em seu tempo de LDU, Fossatti armava uma retranca em partidas disputadas fora do Equador. A idéia era arrancar um empate ou, até mesmo, perder por diferença mínima. Sábio gringo. Claro, sabia ele que, na partida de volta, contaria com o fator altitude para alcançar a classificação. E foi esta estratégia que o consagrou, a tal ponto que hoje ele é visto como um Deus pelos equatorianos que sonham vê-lo no comando da casamata do selecionado local.

Só que no Beira-Rio, Fossatti, é diferente. Os grandes adversários que cruzarem o caminho do alvirrubro gaúcho no Gigante não serão influenciados pelo ar rarefeito de Quito por um motivo simples: aqui não é Quito, é Porto Alegre, estamos no nível do mar, ou melhor, do Guaíba.

Se tu seguires teimando com a mesma estratégia adotada nos tempos de LDU, logo, logo verás teu time barrado da principal competição do continente. Reavalie tua estratégia, converse com teus botões, escute o Fernando Carvalho, sugue a sabedoria do mandarin Ibsen Pinheiro, ouse.

Nos últimos anos, os colorados se acostumaram com triunfos e com um time agressivo em campo, com comportamento de leão. Para eles, não basta ser vice, tampouco ter uma boa campanha. Ou você se dá conta da grandeza do Inter, ou perderá o pescoço pela ira do carrasco da guilhotina (mar vermelho). A escolha é tua.

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